Como fica o seu trabalho pós-pandemia?
Desde o início de 2020, o que antes era normal e já estava definido precisou ser reformulado. Estratégias tiveram que ser redesenhadas, metas recalculadas, planos refeitos, tudo para que empresas e empregados pudessem se adaptar a um novo momento.
Mas e o mercado de trabalho? Será que o home office veio mesmo para ficar? As instituições, realmente, ficaram mais justas e diversas? A contratação de novos talentos vai permanecer?
Muito do que se tem falado sobre tendências no ambiente corporativo promete se concretizar, mas ainda há muitos mitos e muita especulação que só poderão ser confirmados com o passar do tempo.
Entre os mitos, o mais popular é o de que o futuro será 100% remoto. Ainda que pesquisas indiquem que quase metade dos funcionários que estão operando nesse modelo atualmente continuem no pós-pandemia, a necessidade de estabelecer relações sociais e desenvolver projetos colaborativos é inegável ao ser humano. Ainda que algumas organizações tenham reconhecido a crise humanitária e priorizado o bem-estar dos funcionários, outras acabaram por fazer com que os limites entre vida pessoal e profissional fossem ultrapassados, indicando que talvez o ideal seja o equilíbrio, assim o futuro tende a ser híbrido, num misto entre home office e escritório.
Para completar, milhões de empregos foram perdidos em meio à pandemia e, apesar dos números de recontratações estarem crescendo, muitos gestores perceberam ser possível continuar com suas demandas e entregas mantendo um número menor de colaboradores. Novas tecnologias começaram a ser adotadas, substituindo a mão-de-obra humana e os líderes passaram a procurar talentos dentro de sua própria equipe, redefinindo currículos e perfis de acordo com as necessidades. Esse tipo de ação promove e estimula o desenvolvimento de novas competências, fazendo com que o funcionário se envolva e colabore ainda mais com a empresa, criando oportunidades para si mesmo e desenvolvendo habilidade competitivas para suas carreiras.
Oportunidades em modelos de trabalho antes pouco explorados também surgiram e estão virando tendência nesse momento, como os temporários e os com jornada reduzida. 32% das organizações já estão substituindo funcionários em tempo integral por trabalhadores temporários. Apesar dos salários um pouco menores nesses casos, essas podem ser boas oportunidades para o jovem que está iniciando sua jornada em busca de uma oportunidade de emprego, mas precisa conciliar a rotina de estudos com as demandas do trabalho.
Mas a pandemia trouxe também boas perspectivas em alguns aspectos. Empresas mais preocupadas com o bem-estar financeiro, físico e mental de seus funcionários surgiram, benefícios como aumento da licença médica, assistência financeira devido ao home office, horário ajustado a fim de evitar sobrecarregar colaboradores, entre outros vieram para melhorar as condições de trabalho e, aparentemente, prometem continuar no período pós-pandêmico.
A pandemia também colocou em pauta um tema que deveria fazer parte da cultura de qualquer empreendimento, mas infelizmente ainda é pouco observado: a inclusão e a diversidade. Inúmeras companhias começaram a levantar bandeiras relacionadas às mais diversas causas, fizeram declarações e assumiram compromissos que exigirão esforços e orçamentos significativos para serem cumpridos e, finalmente, mudarem uma cultura há muito perpetuada.
Isso porque tornar-se inclusiva, diversa e engajada, não se trata apenas de incluir candidatos negros nos processos seletivos, contratar um funcionário especial ou dar oportunidade para um jovem de baixa renda, mas, principalmente, de incluir a diversidade e a inclusão na cultura da empresa e em todas as suas iniciativas e decisões de negócios.
Ainda não se sabe exatamente o que acontecerá no futuro pós-pandemia. Empresas e pesquisadores estão prevendo que uma transformação radical e permanente acontecerá, mas num mundo ainda incerto fica difícil identificar o que é factível e o que não é. Talvez o melhor caminho nesse momento seja pensar nas pequenas ações que poderão ser mantidas a longo prazo, independente dos rumos que tomarmos.
Investir no bem-estar de funcionários, desenvolver jovens talentos apoiando projetos como o PROA, promover a diversidade e transformar o ambiente de trabalho em um local mais inclusivo contratando jovens que estão em busca de uma chance e cheios de ideias talvez pareçam ações pequenas, mas podem fazer muita diferença não só no futuro, mas no agora. Porque, na verdade, o futuro já começou e é hoje.
Como práticas mais inclusivas e ambientes corporativos diversos podem colaborar para aumentar o valor de uma empresa?
Se você ainda não sabe o que é ESG, está na hora de começar a prestar atenção nesta sigla que tem se tornado uma das principais tendências de mercado atualmente. Não é de hoje que ela circula pelo mercado financeiro, mas, nos últimos meses, refletir sobre os impactos sociais de uma empresa e o papel do setor privado na solução de desafios globais se tornou ainda mais urgente.
Mas o que realmente significa e por que estamos ouvindo cada vez mais falar sobre ESG?
Imagine um mundo em que corporações não pensam apenas no lucro, mas também em como tratar pessoas, meio ambiente e a comunidade em geral. É essa a ideia principal por trás do ESG. Sigla em inglês para Enviroment, Social e Governance, que em português se refere ao tripé Ambiente, Social e Governança, ESG diz respeito a empresas cujas práticas se estabelecem de acordo com critérios de sustentabilidade, não apenas com base no lucro.
Adotar uma agenda ESG pode trazer diversos benefícios, incluindo vantagens competitivas, melhora na reputação, mais lucratividade e, principalmente, maior atratividade para os investidores. Se antes eles olhavam apenas para números na hora de decidir onde aplicar seu dinheiro, agora, passam a olhar também para os três pilares ESG a fim de avaliar se vale a pena ou não investir em determinada negócio. Assim, levam em conta ações como minimizar o impacto ambiental, respeitar os direitos dos colaboradores, combater a corrupção, entre outros fatores relevantes no que se refere à conduta socioambiental e à responsabilidade corporativa.
Empresas que adotam práticas ESG tendem a ser mais bem estruturadas e obter melhor desempenho financeiro, muito por conta do bom relacionamento que acaba sendo estabelecido com o governo e da boa reputação diante da população, que as reconhece como agentes de transformação social. Além disso, é possível reduzir custos, minimizar problemas legais e aumentar a produtividade. É o caso, por exemplo, da Apple, que anunciou em julho do ano passado que, até 2030, irá neutralizar toda sua emissão de carbono.
Estudos apontam que 85,4% dos gestores de investimentos no Brasil sabem o que é ESG e usam esse critério para tomar decisões, por isso adaptar-se a esse novo ambiente pode ser fundamental para obter mais lucros e, consequentemente, melhorar o valor de mercado de uma empresa.
Integrar a sustentabilidade às estratégias de negócios, reunir um conselho dedicado a pensar nas possibilidades ESG dentro do ambiente corporativo, incorporar a governança, fazendo com que valores e propósitos sejam realmente colocados em prática são algumas atitudes que podem tornar um negócio em um investimento de valor.
Além disso, reconhecer que as desigualdades sociais e de gênero podem impedir a sustentabilidade de um negócio também é fundamental. Fazer com que a diversidade e parcerias com ONGs, como o PROA, que promovem a inclusão de jovens de baixa renda, cheios de energia, dispostos a produzir e aprender, comecem a fazer parte do dashboard das empresas pode melhorar significativamente sua performance financeira, promovendo ainda mais sua sustentabilidade.
Temos um longo caminho pela frente em relação ao ESG e muitos desafios, mas o maior deles é fazer com que práticas ESG saiam do papel e sejam perenes, não sazonais ou “uma moda passageira”, o que pode gerar danos irreparáveis a todos que levam a sério a busca por um mundo melhor, mais acolhedor e menos desigual.
Temos uma geração de jovens com competências técnicas e talentos sendo desperdiçados. São pessoas que, ainda que possuam habilidades e muito potencial, não conseguem ter acesso a oportunidades para construírem suas próprias histórias de sucesso.
Mas segundo o Conselho Nacional de Juventude (Conjuve), responsável por sugerir políticas públicas que garantam o bem-estar e os direitos dos jovens entre 15 e 29 anos, esse grupo pode ser determinante na recuperação econômica do Brasil pós-pandemia. Entretanto, isso não será possível se o jovem não tiver apoio.
O cenário muda a partir do momento em que empresas percebem que seu papel na economia vai muito além de pagar salários e impostos, e descobrem que podem atuar de forma muito mais efetiva na transformação de pessoas e na concretização de sonhos, tornando planos de vida factíveis e, ainda, beneficiando-se disso.
Nesse sentido, poder público e instituições sociais e privadas precisam se conscientizar de seu dever como agentes transformadores capazes de promover o potencial produtivo dos jovens brasileiros, fortalecendo sua força inata e conduzindo sua energia e criatividade para ações que proporcionem mudanças efetivas não só em sua vida, mas na sociedade como um todo.
Como realizar a inclusão produtiva do jovem no mercado de trabalho com tão poucas iniciativas e programas públicos com esse fim?
A resposta para essa pergunta está na união de empresas privadas dispostas a realizar grandes transformações com ONGs como o PROA e outras instituições, que capacitam milhares de jovens, desenvolvendo competências técnicas e sociocomportamentais, mas, principalmente, servindo como ponte para os conduzir ao mercado de trabalho.
Jovens provenientes dessas instituições veem seu plano de vida tomar forma e passam por um processo de aprendizado e desenvolvimento técnico e emocional contínuo. Como resultado, a empresa que contrata esse jovem encontrará entre seus colaboradores um profissional disposto a passar por um processo de upskilling para aprimorar suas habilidades continuamente e se tornar ainda melhor, agregando muito mais valor à sua função e construindo uma carreira sólida e em sintonia com os valores da empresa.
E as vantagens para quem contrata esse profissional não param por aí. Entre outros benefícios para o empregador, pessoas mais jovens costumam ser mais proativas, ter mais energia e disposição para crescer, além de estarem sempre atualizadas e acostumadas ao uso das novas tecnologias. A empresa ainda pode se beneficiar com a contratação de um profissional sem vícios, sem preconceitos e com maior tendência a criar senso de pertencimento à cultura da empresa e vestir a camisa do local de trabalho.
Tudo isso sem falar na responsabilidade social, evitando que o futuro do jovem fique comprometido e colaborando para um país com mais trabalho e menos desigualdade.
Como o ex-presidente dos Estados Unidos, Franklin D. Roosevelt, certa vez, afirmou “nem sempre podemos construir o futuro para nossa juventude, mas podemos construir nossa juventude para o futuro”. Quando interesses diversos se juntam em torno de uma causa, grandes transformações podem acontecer, especialmente em momentos de crises e incertezas como o que temos vivido atualmente.
A pandemia do coronavírus trouxe impactos para toda a sociedade e atingiu, especialmente, as mulheres, aumentando ainda mais o abismo de gênero e as diferenças no mercado de trabalho.
Enquanto as mulheres representam mais da metade da força de trabalho, em todo o mundo, somente 25% delas ocupam vagas de emprego em áreas STEAM, ou seja, Ciências, Tecnologia, Engenharia, Artes e Matemática. E, olhando especificamente para a tecnologia, os números não são muito diferentes: dados do IBGE mostram que apenas 20% dos profissionais de TI são mulheres.
Segundo pesquisa da Microsoft, meninas começam a se interessar por disciplinas ligadas à ciência, tecnologia, engenharia e matemática aos 11 anos, mas perdem o interesse aos 15, seja pela pressão no ambiente escolar, que muitas vezes define as disciplinas de humanas como as ideais para meninas, seja por falta de apoio ou até mesmo por falta de modelos em que se inspirar. Consequentemente, faculdades na área de exatas e tecnologia ainda são espaços pouco ocupados por elas.
Paralelamente, mulheres que se formam nessas áreas encontram dificuldade para entrar num mercado de trabalho, tradicionalmente, dominado por homens. E, quando isso acontece, muitas vezes acabam ocupando posições nas áreas de marketing, RH, vendas e precisam provar que seu trabalho tem qualidade igual ou superior ao dos homens para conquistar respeito e um lugar ao sol.
Mas como ultrapassar as barreiras de gênero para promover a inclusão, de forma igualitária, das mulheres no mercado de tecnologia?
A resposta para essa pergunta está na educação, que permite a todos começar a enxergar o mundo de maneira mais ampla. Nesse sentido, toda a sociedade pode se envolver e contribuir para que ocorra uma mudança.
Pais e responsáveis, por exemplo, são peça-chave nessa transformação. São eles que podem quebrar estereótipos e preconceitos de gênero desde muito cedo, ainda na infância, dentro de casa, incentivando meninas a ampliarem seu horizonte cor-de-rosa e se envolverem também com brinquedos, cursos, livros e outros itens relacionados à tecnologia.
Além disso, buscar iniciativas que permitam que jovens meninas pensem na área de tecnologia como uma opção também para elas e não só para os meninos pode ser uma boa forma de derrubar as barreiras de gênero na área. Projetos como o PROPROFISSÃO 4.0, desenvolvido pelo Instituto PROA, criam oportunidades para a inserção de jovens no mercado de trabalho através da tecnologia. Assim, todos os semestres cerca de 150 jovens, independente de gênero, podem participar de um curso profissionalizante com ênfase em Tecnologia e Linguagem de Programação – nesse semestre os jovens estão aprendendo a linguagem Java. Com isso, abrem-se portas para que as jovens do sexo feminino também sejam orientadas em suas carreiras profissionais, enxerguem novas possibilidades e conquistem seu espaço nessa área definitivamente.
As empresas também podem contribuir muito para um ambiente corporativo mais igualitário, apoiando a qualificação profissional de jovens meninas na área da tecnologia, dando mais visibilidade às mulheres que se destacam na área para que se tornem referência para outras meninas e, principalmente, promovendo políticas internas de equidade de gênero e incentivando a contratação de mulheres nessa área, sejam jovens em busca do primeiro emprego, sejam líderes que se tornarão exemplo para que outras meninas se inspirem e possam crescer ainda mais.
Em um momento em que os avanços tecnológicos estão se tornando cada vez maiores e mais necessários, abrir as portas para a diversidade, principalmente, como medida social e estratégica pode ser essencial para um futuro muito melhor.
Por todo o mundo, a COVID-19 tem afetado a sociedade nos mais diversos aspectos, e alguns especialistas preveem que o impacto da pandemia, principalmente na economia, se estenda por, pelo menos, mais cinco anos. Nesse sentido, olhar para os jovens torna-se essencial.
Crises anteriores já vinham impactando esse grupo que, no Brasil, ocupava o posto dos cidadãos com mais dificuldade de entrar no mercado de trabalho. Mas agora a situação tem se agravado e, de acordo com a Organização Internacional do Trabalho (OIT), um em cada cinco jovens parou de trabalhar por causa da COVID-19 no mundo.
No Brasil, infelizmente, o cenário não é muito diferente. Segundo o IBGE, no terceiro trimestre de 2020, auge da pandemia, o desemprego entre pessoas com idade de 18 a 24 anos chegou a 31,4%. Além disso, a pandemia trouxe uma queda de 84,9% na contratação de jovens aprendizes, destruindo o sonho de muitos que estavam prontos para entrar no mercado de trabalho.
Falta de acesso à educação, estudos interrompidos, dificuldade de obter qualificação profissional, vagas reduzidas são alguns dos desafios que o jovem passou a enfrentar com a pandemia. Análises iniciais da atual crise levaram a ONU a cunhar o termo “geração lockdown” para se referir a essa população que, agora, vai levar mais tempo para se formar, não verá muitas perspectivas de emprego à sua frente, abandonará os estudos, terá que lidar com emoções à flor da pele e desistirá de seus sonhos.
Definitivamente, o jovem está no epicentro do furacão causado pelo coronavírus.
A falta de políticas públicas, a interrupção dos estudos, a suspensão de programas educativos, a redução nas vagas de emprego e a própria perda da renda pode trazer sérias consequências a longo prazo não só para o jovem, mas para toda a sociedade.
Nesse cenário, problemas foram acentuados e as desigualdades reforçadas. Na busca por um emprego, sai na frente quem tem mais preparo, mais condições de arcar com o custo do transporte ou alguma experiência profissional, limitando cada vez mais as oportunidades para quem está tentando entrar no mercado de trabalho.
Mas como conquistar tudo isso sozinho em meio a uma pandemia? Como evitar que o jovem seja obrigado a ingressar em regimes de trabalho precarizados, sujeitando-se a baixos salários? Como evitar problemas emocionais, como ansiedade, depressão e desânimo?
Refletir sobre o papel desse jovem na sociedade e pensar coletivamente em estratégias, ações e políticas de inclusão é urgente. Repletos de sonhos e energia, eles são a camada mais vibrante da sociedade e não podem perder a esperança de se tornarem protagonistas de um mundo melhor.
Capacitá-los por meio de cursos que desenvolvam competências técnicas e socioemocionais, como é feito no PROA, é um dos melhores caminhos a serem seguidos. Jovens com pouca oportunidade passam a ter a chance de olhar para si, identificar seu potencial e construir um novo plano de vida, recuperando a autoestima e abandonando a sensação de impotência e fracasso.
Além disso, a iniciativa privada tem papel fundamental no acolhimento e na inclusão produtiva do jovem brasileiro. Poucas empresas sabem, mas apostar no capital humano jovem tem um bom custo-benefício e pode ser um investimento certeiro a longo prazo.
Parcerias com empresas dispostas a abrir suas portas para receber esse grupo cheio de vontade de dar o primeiro passo na construção de uma nova história permitem ao jovem não só concretizar seu plano de vida e seus sonhos, mas também canalizar sua energia para as transformações necessárias para a formação de uma sociedade muito mais justa e menos desigual.