As consequências da pandemia na empregabilidade jovem
O impacto da pandemia se estenderá, por isso um olhar atento para os jovens é fundamental.
Texto: Potira CunhaIlustração: Gustavo Pedrosa
Por todo o mundo, a COVID-19 tem afetado a sociedade nos mais diversos aspectos, e alguns especialistas preveem que o impacto da pandemia, principalmente na economia, se estenda por, pelo menos, mais cinco anos. Nesse sentido, olhar para os jovens torna-se essencial.
Crises anteriores já vinham impactando esse grupo que, no Brasil, ocupava o posto dos cidadãos com mais dificuldade de entrar no mercado de trabalho. Mas agora a situação tem se agravado e, de acordo com a Organização Internacional do Trabalho (OIT), um em cada cinco jovens parou de trabalhar por causa da COVID-19 no mundo.
No Brasil, infelizmente, o cenário não é muito diferente. Segundo o IBGE, no terceiro trimestre de 2020, auge da pandemia, o desemprego entre pessoas com idade de 18 a 24 anos chegou a 31,4%. Além disso, a pandemia trouxe uma queda de 84,9% na contratação de jovens aprendizes, destruindo o sonho de muitos que estavam prontos para entrar no mercado de trabalho.
Falta de acesso à educação, estudos interrompidos, dificuldade de obter qualificação profissional, vagas reduzidas são alguns dos desafios que o jovem passou a enfrentar com a pandemia. Análises iniciais da atual crise levaram a ONU a cunhar o termo “geração lockdown” para se referir a essa população que, agora, vai levar mais tempo para se formar, não verá muitas perspectivas de emprego à sua frente, abandonará os estudos, terá que lidar com emoções à flor da pele e desistirá de seus sonhos.
Definitivamente, o jovem está no epicentro do furacão causado pelo coronavírus.
A falta de políticas públicas, a interrupção dos estudos, a suspensão de programas educativos, a redução nas vagas de emprego e a própria perda da renda pode trazer sérias consequências a longo prazo não só para o jovem, mas para toda a sociedade.
Nesse cenário, problemas foram acentuados e as desigualdades reforçadas. Na busca por um emprego, sai na frente quem tem mais preparo, mais condições de arcar com o custo do transporte ou alguma experiência profissional, limitando cada vez mais as oportunidades para quem está tentando entrar no mercado de trabalho.
Mas como conquistar tudo isso sozinho em meio a uma pandemia? Como evitar que o jovem seja obrigado a ingressar em regimes de trabalho precarizados, sujeitando-se a baixos salários? Como evitar problemas emocionais, como ansiedade, depressão e desânimo?
Refletir sobre o papel desse jovem na sociedade e pensar coletivamente em estratégias, ações e políticas de inclusão é urgente. Repletos de sonhos e energia, eles são a camada mais vibrante da sociedade e não podem perder a esperança de se tornarem protagonistas de um mundo melhor.
Capacitá-los por meio de cursos que desenvolvam competências técnicas e socioemocionais, como é feito no PROA, é um dos melhores caminhos a serem seguidos. Jovens com pouca oportunidade passam a ter a chance de olhar para si, identificar seu potencial e construir um novo plano de vida, recuperando a autoestima e abandonando a sensação de impotência e fracasso.
Além disso, a iniciativa privada tem papel fundamental no acolhimento e na inclusão produtiva do jovem brasileiro. Poucas empresas sabem, mas apostar no capital humano jovem tem um bom custo-benefício e pode ser um investimento certeiro a longo prazo.
Parcerias com empresas dispostas a abrir suas portas para receber esse grupo cheio de vontade de dar o primeiro passo na construção de uma nova história permitem ao jovem não só concretizar seu plano de vida e seus sonhos, mas também canalizar sua energia para as transformações necessárias para a formação de uma sociedade muito mais justa e menos desigual.