Como fica o seu trabalho pós-pandemia?

Será que o home office veio para ficar? As instituições ficaram mais justas e diversas?

Texto: Potira Cunha
Ilustração: Gustavo Pedrosa
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Desde o início de 2020, o que antes era normal e já estava definido precisou ser reformulado. Estratégias tiveram que ser redesenhadas, metas recalculadas, planos refeitos, tudo para que empresas e empregados pudessem se adaptar a um novo momento.

 

 

  Mas e o mercado de trabalho? Será que o home office veio mesmo para ficar? As instituições, realmente, ficaram mais justas e diversas? A contratação de novos talentos vai permanecer? 

 

 

    Muito do que se tem falado sobre tendências no ambiente corporativo promete se concretizar, mas ainda há muitos mitos e muita especulação que só poderão ser confirmados com o passar do tempo.

 

 

    Entre os mitos, o mais popular é o de que o futuro será 100% remoto. Ainda que pesquisas indiquem que quase metade dos funcionários que estão operando nesse modelo atualmente continuem no pós-pandemia, a necessidade de estabelecer relações sociais e desenvolver projetos colaborativos é inegável ao ser humano. Ainda que algumas organizações tenham reconhecido a crise humanitária e priorizado o bem-estar dos funcionários, outras acabaram por fazer com que os limites entre vida pessoal e profissional fossem ultrapassados, indicando que talvez o ideal seja o equilíbrio, assim o futuro tende a ser híbrido, num misto entre home office e escritório.

 

 

    Para completar, milhões de empregos foram perdidos em meio à pandemia e, apesar dos números de recontratações estarem crescendo, muitos gestores perceberam ser possível continuar com suas demandas e entregas mantendo um número menor de colaboradores. Novas tecnologias começaram a ser adotadas, substituindo a mão-de-obra humana e os líderes passaram a procurar talentos dentro de sua própria equipe, redefinindo currículos e perfis de acordo com as necessidades. Esse tipo de ação promove e estimula o desenvolvimento de novas competências, fazendo com que o funcionário se envolva e colabore ainda mais com a empresa, criando oportunidades para si mesmo e desenvolvendo habilidade competitivas para suas carreiras. 

 

 

    Oportunidades em modelos de trabalho antes pouco explorados também surgiram e estão virando tendência nesse momento, como os temporários e os com jornada reduzida. 32% das organizações já estão substituindo funcionários em tempo integral por trabalhadores temporários. Apesar dos salários um pouco menores nesses casos, essas podem ser boas oportunidades para o jovem que está iniciando sua jornada em busca de uma oportunidade de emprego, mas precisa conciliar a rotina de estudos com as demandas do trabalho.

 

 

    Mas a pandemia trouxe também boas perspectivas em alguns aspectos. Empresas mais preocupadas com o bem-estar financeiro, físico e mental de seus funcionários surgiram, benefícios como aumento da licença médica, assistência financeira devido ao home office, horário ajustado a fim de evitar sobrecarregar colaboradores, entre outros vieram para melhorar as condições de trabalho e, aparentemente, prometem continuar no período pós-pandêmico.

 

 

    A pandemia também colocou em pauta um tema que deveria fazer parte da cultura de qualquer empreendimento, mas infelizmente ainda é pouco observado: a inclusão e a diversidade. Inúmeras companhias começaram a levantar bandeiras relacionadas às mais diversas causas, fizeram declarações e assumiram compromissos que exigirão esforços e orçamentos significativos para serem cumpridos e, finalmente, mudarem uma cultura há muito perpetuada.

 

 

    Isso porque tornar-se inclusiva, diversa e engajada, não se trata apenas de incluir candidatos negros nos processos seletivos, contratar um funcionário especial ou dar oportunidade para um jovem de baixa renda, mas, principalmente, de incluir a diversidade e a inclusão na cultura da empresa e em todas as suas iniciativas e decisões de negócios.

 

 

    Ainda não se sabe exatamente o que acontecerá no futuro pós-pandemia. Empresas e pesquisadores estão prevendo que uma transformação radical e permanente acontecerá, mas num mundo ainda incerto fica difícil identificar o que é factível e o que não é. Talvez o melhor caminho nesse momento seja pensar nas pequenas ações que poderão ser mantidas a longo prazo, independente dos rumos que tomarmos.

 

 

    Investir no bem-estar de funcionários, desenvolver jovens talentos apoiando projetos como o PROA, promover a diversidade e transformar o ambiente de trabalho em um local mais inclusivo contratando jovens que estão em busca de uma chance e cheios de ideias talvez pareçam ações pequenas, mas podem fazer muita diferença não só no futuro, mas no agora. Porque, na verdade, o futuro já começou e é hoje.