Jovens trabalhadores de hoje são diferentes de seus pais?

As diferenças de perfis profissionais e sua importância para uma empresa.

Texto: Potira Cunha
Ilustração: Gustavo Pedrosa
Capa
Você deve conhecer alguém em sua família ou entre seus amigos que trabalha por anos numa mesma empresa e alguém que pula de emprego em emprego, sempre em busca de novos desafios.

 

Quando olhamos para o mercado de trabalho atualmente, esses dois perfis profissionais se encontram... na verdade, nos deparamos com diferentes gerações interagindo e contribuindo para diversos tipos de projetos, e cada uma delas têm um perfil bem diferente:

 

  • Baby boomers: inclui pessoas que nasceram entre 1940 e 1960 e são profissionais mais conservadores, com uma carreira mais consolidada, que prezam pela estabilidade e valorizam sua experiência.
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  • Geração X: são aqueles que nasceram entre 1960 e 1980, que deram o pontapé inicial nos assuntos relacionados à tecnologia. Comprometidos com a carreira, buscam se adaptar ao momento atual, mas estão acostumados à hierarquia, sentem-se inseguros no mercado de trabalho e gostam de rotina.
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  • Geração Y: os chamados millenials nasceram entre 1980 e os anos 2000, e viveram o auge dos avanços tecnológicos, por isso acabaram se tornando profissionais multidisciplinares, mais flexíveis, que buscam cargos de alta posição e benefícios além do salário.
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  • Geração Z: nascidos a partir de 1990 até 2010, entram no mercado de trabalho já acostumados com a tecnologia e a fazer tudo de forma virtual. Em constante busca por novidades, trocam de emprego – e até de profissão - com frequência, valorizam a flexibilidade e a qualidade de vida, são imediatistas e transparentes, não gostam de hierarquias e não se preocupam muito em “vestir a camisa da empresa”.

 

Novas tendências acabaram por mudar os desejos e as necessidades: se antes, tínhamos jovens sonhando com carteira assinada e estabilidade, hoje estamos diante de uma geração que busca menos burocracia, hierarquias e formalidades, em troca de reconhecimento, satisfação, flexibilidade e desafios.

 

Historicamente, cada geração entrou no mercado de trabalho em um momento diferente. No passado, quando os pais dos jovens de agora buscavam trabalho ou trabalhavam, uma vez alcançado um cargo CLT, esse profissional o enxergava como algo permanente e desejava se realizar, crescer, ocupar um cargo mais alto (se possível) e ali ficavam por anos. Porém os jovens da atualidade têm um perfil diferente: pesquisas realizadas por consultorias de RH mostram que 40% deles acreditam que deveriam ser promovidos a cada dois anos e, quando isso não acontece, a tendência é que eles partam em busca de outra oportunidade. Enquanto seus pais vestiam (e muitos ainda vestem) a camisa da empresa, as novas gerações não estão preocupadas com isso.

 

Outro fator interessante sobre as diferentes gerações é que: os pais buscavam estabilidade, ainda que com um baixo salário e pouca qualidade de vida, justamente para poderem sair de casa, comprar a casa própria, casar, ter filhos, enfim constituir sua família; agora, isso funciona diferente, jovens buscam salários mais altos e mais qualidade de vida, tempo para si, e quase metade dos meninos e um terço das meninas ainda moram com os pais e começam a pensar em casar bem mais tarde.

 

Na década de 90, quando, de acordo com o Dieese, São Paulo atingiu a marca de 19,3% de desempregados, as agências de emprego, principal elo entre candidatos e empregadores na época, exigiam graduação, vestimenta correta e outras habilidades e competências técnicas que dificultavam o acesso emprego de boa parte dos jovens, especialmente os da periferia. Ao contrário disso, o jovem de hoje não precisa mais sair de porta em porta levando seu currículo; favorecido pela internet, basta abrir um site para se aproximar de um universo cheio de vagas. Além disso, ter uma formação tradicional e técnica é importante, mas se com ela não vierem as competências socioemocionais, as chances para conquistar uma vaga diminuem.

 

Jovens trabalhadores de hoje são sim diferentes de seus pais. Mas a verdade é que seja qual for a geração, é possível conviver com essas diferenças e crescer junto. Nesse sentido, é preciso que as empresas estejam preparadas para receber os diferentes tipos de profissionais, reconhecendo suas características e desenvolvendo novas competências, seja para o perfil mais conservador, o mais livre... Quando entendermos que perspectivas diversas são capazes de nos levar mais longe e nos fazer alçar voos mais altos, compreenderemos a importância de ampliar nossa visão, reter talentos e perceber quão produtiva a pluralidade de perfis pode ser para uma empresa.