Por que há poucas mulheres nas áreas STEM?

Carreiras nas áreas de exatas costumam ser consideradas masculinas, enquanto as meninas costumam ter seu perfil associado a humanas.

Texto: Potira Cunha
Ilustração: Gustavo Pedrosa
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Você sabia que, segundo a Unesco, em todo o mundo, apenas 30% das estudantes do ensino superior estão em cursos ligados às áreas STEM, sigla em inglês para se referir a carreiras na Ciência, Tecnologia, Engenharia e Matemática?    Segundo dados da ONU, as mulheres brasileiras representam 35% das estudantes matriculadas nessas áreas da graduação; quando olhamos especificamente para cada uma das áreas, os números são ainda menores: não alcançando nem 28% de meninas estudando engenharia e tecnologia! Esse é um número desanimador, uma vez que as oportunidades de emprego estão se concentrando, principalmente, nessas áreas.    Mas o que impede as meninas de entrarem nas áreas STEM?    Carreiras nas áreas de exatas costumam ser consideradas masculinas, enquanto as meninas costumam ter seu perfil associado a humanas. Não é de agora que meninas são afastadas da ciência e da matemática ao longo do período escolar, tendo seu acesso, preparação e oportunidades de ingressar nas áreas STEM limitados.      Quem nunca ouviu frases como “isso é coisa de menino” ou “agora, sim, você está se comportando como uma menina”? Desde a infância, as meninas são criadas para acreditar que sua tarefa no mundo é cuidar da família, da casa, das emoções, enquanto os meninos são incentivados a desenvolver habilidades mais racionais, ligadas a exatas, como construir foguetes, brincar de pequeno cientista, construir prédios com blocos...     Apesar de estudos científicos comprovarem que não há diferença nas aptidões para as áreas STEM entre homens e mulheres, é possível perceber que o fato de vermos menos mulheres nessas áreas têm mais a ver com as crenças e expectativas criadas pelos pais e pela sociedade. Além disso, o estereótipo de que meninos são melhores em exatas do que as meninas pode diminuir o desempenho delas, que passam a ter pouca ou nenhuma aspiração de carreira nessas áreas.    Outro fator que contribui para perpetuar as carreiras STEM como predominantemente masculinas é a divulgação de poucos modelos femininos em quem as meninas possam se inspirar, principalmente mulheres cientistas e engenheiras negras. Temos grandes exemplos de mulheres que se destacam, como Juliana Freitag Borin, Ph.D em Ciência da Computação, que estimula a formação de mulheres para as carreiras Stem, a biomédica Jaqueline Góes de Jesus, que identificou os primeiros genomas do coronavírus em 48 horas, entre outras, mas, infelizmente, pouco se fala sobre elas e tantas outras.    Algumas pequenas atitudes podem ser tomadas ao longo da jornada escolar para começar a mudar essa situação, como passar às meninas a confiança necessária para que acreditem que também podem ser bem-sucedidas nessas áreas e incentivá-las desde o ensino fundamental ao estudo das disciplinas ligadas ao STEM. Além disso, tornar conhecidas grandes mulheres das ciências, tecnologia e matemática e engenharia; há muitos bons exemplos de mulheres que fizeram e estão fazendo histórias inspiradoras, basta procurar!    Como é o mercado de trabalho para as mulheres nessas áreas?    Recentemente, temos visto uma luz no fim do túnel: mais meninas estão entrando na graduação e se destacando nas áreas STEM, mas apesar disso, ainda há pouca representatividade de mulheres dessas carreiras no mercado de trabalho, e as diferenças de gênero são particularmente altas em alguns dos empregos mais promissores, de crescimento mais rápido e mais bem pagos do futuro, como ciência da computação e engenharia.    Atualmente, as mulheres representam apenas 28% da força de trabalho em ciência, tecnologia, engenharia e matemática (STEM), enquanto os homens superam amplamente esse número. Nesse sentido, é responsabilidade também das empresas levar mais mulheres e motivá-las a entrarem nessas áreas, dando mais oportunidades quando se formarem, seja como jovem-aprendiz, estagiárias, criando chances de crescimento dentro da empresa e promovendo uma política inclusiva, que busque um time cada vez mais diversos e representativo.